quinta-feira, 10 de março de 2016

CONDUÇÃO COERCITIVA!

Na mesma linha, a Associação de Juízes para a Democracia questiona também tais medidas, em nota intitulada Não se combate corrupção corrompendo a ConstituiçãoVale lembrar que, convocado a prestar esclarecimento sobre o que ficou conhecido como Dossiê Cayman, há cerca de seis anos, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi ouvido pela PF em seu próprio apartamento.

No âmbito econômico, notadamente num cenário de crise, os prejuízos decorrentes da Operação Lava-jato também são consideráveis. Segundo alertava a Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge): “A interrupção de obras de infraestrutura ou a interrupção do fluxo de pagamento para as empresas de engenharia nacional tem impacto negativo no PIB, ocasionando a queda da renda nacional, da geração de tributos e aumento do desemprego. A falência e a recuperação judicial das empresas irão produzir um efeito cascata de desmonte da tecnologia e da produção de conhecimento no Brasil.” (Revista Em Movimento, jul/ago/set-2015).

Não poderiam ter feito o mesmo com Lula? Qual o motivo da diferença de tratamento? Atender a vontade de veículos de comunicação que agem como partidos de oposição em detrimento do bom jornalismo? Criar um ambiente de ebulição política que alimente as manifestações de setores pró-impeachment convocadas para o próximo domingo? Cabem, ainda, outras perguntas: por que as delações envolvendo Aécio Neves e outras figuras de partidos de oposição não tem o mesmo desdobramento? Por que os meios de comunicação que tratam de forma seletiva a questão da corrupção – e condenam de antemão nas manchetes os investigados ligados ao PT– silenciam quando trata-se de investigados ligados à oposição?

Preocupa-nos, entretanto, a escalada de violações de direitos e garantias individuais estabelecidos na Constituição Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato. Detenções, conduções coercitivas, delações extraídas sob chantagem, vazamento seletivo de informações, ações policiais espetaculosas viraram rotina. Assim, o que deveria ser uma operação pra desvendar e punir corruptos e corruptores, transforma-se num enorme espetáculo midiático, para o qual concorrem juízes, membros do Ministério Público e policiais federais.

Fonte: Sindicato dos Bancários
Ctba, 10/mar/16
Maria Prybicz

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