sexta-feira, 30 de janeiro de 2015


"EFEITO DOMINÓ" ÉSTÁ AFETANDO TODA NOSSA ECONOMIA!
 
É O CICLO DA SÊCA!
 
A máxima no maior entreposto de abastecimento da América Latina diante da maior crise hídrica de que se recorda é se encomendar a Deus. Os produtores e vendedores na Ceagesp, na zona oeste de São Paulo, tentam superar as dificuldades típicas dos verões, mas a falta de água os empurra ao precipício: sem chuva, 60% dos produtores da região, dizem, desistiram de plantar suas safras e, para não comprometer os reservatórios, o Governo do Estado vai restringir a irrigação nas bacias do Alto Tietê e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), o que pode afetar os cultivos responsáveis por 50% do abastecimento de hortifrútis do Estado, segundo cálculos do jornal Valor Econômico.
“Se não chover até maio de Minas Gerais para cima, não vamos ter com que trabalhar”, anuncia Antônio Bernardo, pequeno produtor e vendedor de frutas. “Estamos preocupadíssimos, e já trazendo mercadorias do Chile, do Peru, da Argentina. Como vamos sustentar nossas famílias?”, questiona. “Ainda não estamos vendo as consequências, mas 60% dos produtores não estão plantando ou plantaram muito menos pela falta de água, e isso vai se sentir daqui a um mês nos preços, quando a produção vai ser muito menor”, alerta Maurício Fraga, que vende por dia quatro toneladas de hortaliças folhosas –rúcula, alface, repolho ou brócolis–, principal cultivo dos abastecidos pelas captações da bacia do Alto Tietê, hoje com 10,6% da sua capacidade.
 - Frutas, verduras e legumes já estão sentindo a crise hídrica e seus preços já acumulam alta de 8% de média no último mês” André Chagas, economista da Fundação do Instituto de pesquisas Econômicas (Fipe).
-  O que os vendedores contam entre caminhões, caixas e calculadoras está sendo sentido pelos especialistas que, sem água, já preveem um aumento dos preços, especialmente dos alimentos, mas também na conta de água e de luz que, em um efeito cascata, vão acabar impactando na cadeia produtiva e na economia do país. “Parte desse aumento nós estamos percebendo nas frutas, verduras e legumes, cujos preços já acumulam alta de 8% de média no último mês”, explica André Chagas, economista da Fundação do Instituto de pesquisas Econômicas (Fipe). “Se pegarmos apenas as verduras, esse aumento chega a 10%, a alface, por exemplo, já acumula 16%, enquanto nossa expectativa oficial era que o aumento não superasse 5%”.
Marcio Salvato, coordenador da Graduação em Ciências Econômicas do Ibmec, como os demais especialistas consultados, acredita que o impacto econômico da falta de água vai acabar afetando a economia nacional. “Os índices de inflação ao consumidor irão subir, e é claro que à medida que existe uma expectativa de subida, o Banco Central vai responder a isso com juros elevados, o que vai provocar ainda um maior desaquecimento da economia”, afirma o economista. 
Dependendo da gravidade e das medidas a serem tomadas pode aumentar de 1 a 1,5 % e nós já estamos com uma inflação pressionada por outros ajustes de preços [como os transportes]. A inflação do Brasil já vai beirar o teto da meta, mas um agravamento da crise hídrica, significando isso um racionamento de água e energia, poderia ter consequências ainda maiores sobre a inflação. E o que é pior, seria uma inflação acelerada em um contexto de estagnação econômica e maior desemprego”, afirma Chagas.

Crises gêmeas: energia

Às dificuldades dos agricultores em manter os preços se somam os aumentos previstos na produção de energia, segundo os especialistas. Se houver energia. A baixa nos reservatórios pode afetar o fornecimento de energia elétrica, e o governo não descarta racionamento se o nível das águas chegar a patamares críticos.
“Nós já estamos sentindo em vários Estados, não só em São Paulo, que a conta da eletricidade está subindo. Os reservatórios das usinas hidrelétricas estão baixos e o Governo recorre às termoelétricas que têm um custo de produção mais elevado”, explica Chagas. “Até o ano passado esse custo era bancado pelo Governo federal, mas a partir deste ano, com as novas medidas fiscais, o custo será repassado para os consumidores. O impacto é de três centavos por kW, o que pode significar um aumento no Índice de Preços de Consumo (IPC) de até 0,2% em São Paulo. Isso é bastante, não é exorbitante mas é expressivo em termos de inflação”. Para Salvato, a crise hídrica está pegando o Governo em uma situação fiscal muito precária e não vai poder ajudar. "Se estivesse em uma situação boa ele poderia reduzir impostos das contas de água ou energia mas, pelo contrário, vai deixar essas contas subirem”, afirma.

A partir do mês que vem, o paulista também vai pagar o aumento nas contas de água. “A sobretaxa do Governo para quem não reduz seu consumo vai se traduzir em uma multa para até 20% dos consumidores. Esse mau comportamento dos usuários vai ter um impacto na inflação, um impacto indireto para todo o mundo”, afirma Chagas.

Diante da possibilidade de racionamento de água, o comércio também pode experimentar um alta nos preços. “A apreensão dos empresários é muito alta, muitos estão fazendo investimentos para armazenar água e isso vai ter um impacto nas contas dos clientes”, afirma o economista Jaime Vasconcelos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). “Não é alarmista, mas é natural que a crise afete na inflação no nosso Estado. A falta de água deixa o empresário na beira do precipício, porque ele tem que repassar o custo ao cliente, mas também assumir parte do investimento”.
Se a crise se agravar outras variáveis estão sendo consideradas pelos especialistas, entre elas, o aumento do preço das bebidas e, “no limite”, a possível elevação do custo de residência em São Paulo. “Seja porque o racionamento não atinja de maneira igual as residências na cidade, ou pelo interesse de morar na capital para tentar se assegurar do abastecimentos, o preço vai aumentar". Essa situação, segundo o economista, pode provocar um êxodo das pessoas que não podem pagar para outras cidades de São Paulo, "com consequências econômicas ainda difíceis de determinar”, alerta Chagas.
Fonte: El País
Ctba, 30/jan/15
Maria Prybicz

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Mulheres lideram nas startups com gestão de pessoas.
Finalmente as mulheres tomam as rédeas da situação em nosso País! Cada vez mais conseguem conciliar os negócios com as obrigações familiares, aja vista, a nossa Presidente dando total exemplo de administração efetiva!(Mª Prybicz)

A proporção de mulheres ocupando cargos de CEO em empresas iniciantes (startups) tem sido cada vez maior. Relatório da consultoria Grant Thornton indica que esse índice aumentou de 3% para 14% em todos os estados brasileiros, entre 2012 e 2014.

O destaque no papel de líder deve-se à características como a paciência durante as negociações, atenção que homens geralmente não dispensam na administração do time de profissionais liderados, além de organização e atenção redobrada na administração. Além da empatia conquistada pelas empreendedoras nas duas pontas da cadeia de negócios: a de fornecedores e de clientes.

Todas as características que demonstram resultados no ambiente de startups estão espelhadas no levantamento da consultoria de negócios Grant Thornton, que analisou o segmento no País.

Empresas ainda sem musculatura - o que permite a realização de grandes negócios - quando são lideradas por profissionais do sexo feminino levam larga vantagem no fechamento de uma negociação, já que elas não demonstram ansiedade em tratar os acordos, que podem resultar em um contrato com potenciais chances de obter sucesso. A opinião é do diretor executivo do Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), Sergio Risola.

Além disso, as líderes costumam cuidar do ambiente em que a equipe trabalha. Isso mantem a performance dos liderados, o que multiplica o potencial de engajamento entre os profissionais, como conta o diretor-presidente da incubadora privada Great Group, Julio Cesar Amorim Ferreira. "Em geral isso acontece porque as mulheres administram de forma mais natural e com mais atenção a própria vida pessoal e profissional, além dos detalhes da vida dos subordinados, em comparação com a gerência desempenhada por homens".

As mulheres ainda não são a maioria entre o público empreendedor que recorre a um regime de incubadora, ou ajuda de capital investidor que coloque em ação seus planos. Ainda assim, é possível observar entre os micro e pequenos empresários, um número crescente de profissionais do sexo feminino, entre os que investem em ideias geradoras de negócios. "Das 120 empresas incubadas no Cietec, 20% são lideradas por mulheres", diz o diretor executivo da entidade.

Segundo Risola, que gerencia a incubadora sem fins lucrativos apoiada pela Universidade de São Paulo (USP) e também pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), as mulheres têm diferença de gestão o que é bom por um lado, já que toda a persuasão feminina é utilizada durante as negociações.

Algumas barreiras, entretanto, podem aparecer. "Apesar do cuidado que tem com os colaboradores, na hora de demitir as mulheres não são muito hábeis. É em momentos assim que entra o papel de conselheiro da incubadora".

- Entre os exemplos da força feminina que dá certo nas startups, está a Arator, uma consultoria especializada na definição de estratégias que ajudem empresas a adequar seus processos às leis e normas voltadas ao meio ambiente.

Fundada pela CEO Roberta Valença, a companhia nasceu com a meta de servir pequenas e médias empresas que não têm planos de preservação ecológica. Roberta afirma que o projeto deu tão certo, que a maior procura acabou ficando a cargo de empresas de grande porte, mesmo com uma intenção inicial diferente. "Apesar do foco inicial nas PME, a geração de receitas da Arator vem de grandes negócios".

A CEO conta que a companhia deve crescer 30% em 2015, mesma taxa de crescimento do ano anterior. Já sobre a liderança feminina, é categórica: "Mulheres trabalham com o risco presumido, enquanto homens são mais arrojados, só que arriscam menos".

A CasarCasar, startup que organiza casamentos on-line, é um exemplo de pequena empresa construída com investimento de uma mulher. A empresa nasceu em 2012, na Argentina, e veio para o Brasil no final de 2013. A CEO Tatiana Goldstein diz que a ideia do negócio surgiu da experiência pessoal. "A CasarCasar é o portal que eu gostaria que existisse quando me casei".

Segundo ela, iniciar o próprio negócio requer muito planejamento e paciência. "O empreendedor assume um grande risco, que deve ser sempre quantificável", conclui.
Fonte:  Diário do Comércio, Indústria e Serviços, por Amauri Vargas, 20.01.2015
Ctba, 29/jan/15
Maria Prybicz

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

POR PAUL GRUGMAN
 
O que precisam entender é que as regras habituais da política econômica mudaram quando eclodiu a crise financeira de 2008; entramos em mundo paralelo do qual não conseguimos sair. Em muitos casos, as virtudes econômicas viraram vícios: a disposição para economizar virou um obstáculo para o investimento; a probidade fiscal é um caminho para a estagnação. E no caso dos suíços, o fato de serem conhecidos pela segurança dos seus bancos e a fortaleza da sua moeda converteram-se em uma grande responsabilidade.
 
E há bons motivos para sentir um arrepio de medo, mesmo se nossas finanças não forem afetadas diretamente pelo valor do franco. A razão é que as tributações monetárias da Suíça são uma ilustração em miniatura da dificuldade que é escapar do turbilhão deflacionário que está arrastando a maior parte da economia mundial.
 
Funcionou assim: quando a Grécia deu início à crise financeira, no final de 2009, e outros países foram submetidos a uma enorme pressão, o capital em busca de um refúgio seguro começou a ser derramado na Suíça. Isto, por sua vez, disparou o franco suíço, o que teve um efeito devastador para a competitividade da indústria suíça e esteve a ponto de afundar o país - que já tem inflação e taxas de juros muito baixos - em uma deflação similar à japonesa.
 
De forma que os responsáveis pela política monetária suíça fizeram todo o possível para enfraquecer a sua moeda. Pode-se pensar que é fácil desvalorizar a sua moeda - basta imprimir mais notas, certo? -, mas em um mundo que acaba de passar por uma crise, isso não é nada fácil. Imprimir mais notas e encher os bancos com elas não serve para nada; o dinheiro fica lá e nada mais. Os suíços tentaram um método mais direto: vender francos e comprar euros no mercado internacional, e no processo adquiriram uma enorme quantidade de euros. Mas nem isso funcionou.
 
Então, em 2011, o Banco Nacional Suíço tentou uma tática psicológica. "A atual e enorme supervalorização do franco suíço", declarou, "representa uma grave ameaça para a economia suíça e nos expõe ao risco de nos colocar no caminho da deflação". Portanto, anunciou que fixaria um valor mínimo para o euro – 1,20 francos suíços – e que, para respeitar esse mínimo, estava "disposto a comprar moedas estrangeiras em quantidades ilimitadas". O que o banco esperava, sem dúvida, era que traçar essa linha vermelha limitaria o número de euros que de fato teria que comprar.
 
E durante três anos a tática funcionou. Mas, na quinta-feira, os suíços de repente renunciaram a ela. Não sabemos o motivo exato; ninguém que eu conheço acredita na explicação oficial: que se trata de uma resposta ao enfraquecimento do euro. Mas parece provável que uma nova onda de capital em busca de refúgio faça com que o esforço de manter o franco desvalorizado acabe custando caro demais.
 
Na minha opinião, os suíços acabam de cometer um grande erro. Mas, sejamos francos – francos? –, o destino da Suíça não é o verdadeiro problema. O que importa de verdade é a demonstração de como está difícil lutar contra as forças deflacionárias que agora afetam grande parte do mundo (não apenas a Europa e o Japão, mas muito possivelmente também a China). E apesar de a trajetória dos Estados Unidos ter sido muito boa durante os últimos trimestres, seria tolice supor que o país está imune.
 
Isso nos diz que é muito, muito importante não ficar próximo demais da beira da deflação; alguém pode entrar nela, e então é extremamente difícil sair. Esta é uma das razões pelas quais cortar drasticamente o gasto público quando a economia está mal é uma ideia ruim: não apenas pelo custo imediato que aparece em forma da perda de postos de trabalho, mas também porque aumenta o risco de se ver preso em uma armadilha deflacionária.
 
É também um dos motivos pelos quais a cautela é necessária ao subir as taxas de juros quando a inflação está baixa, mesmo sem acreditar que a deflação seja algo iminente. Agora mesmo, as pessoas sérias – as mesmas que, de forma equivocada, decidiram que 2010 era o ano de esquecer o emprego para se preocupar com o déficit – parecem estar chegando ao consenso de que a Reserva Federal deveria começar a subir os juros em breve. Mas por quê? Não há nenhum indício de aceleramento de inflação nos dados atuais, e os indicadores da inflação prevista pelo mercado estão caindo, o que indica que os investidores consideram que há riscos de deflação, embora a Reserva não os veja.
 
E concordo com o mercado na sua preocupação. Se a recuperação dos Estados Unidos perder força, seja por contágio dos problemas do exterior ou porque nossas variáveis fundamentais não são tão sólidas quanto acreditamos, é muito fácil que a restrição monetária acabe sendo um ato de absoluta loucura.
Foi o que aprendemos com os suíços. Temos que tomar cuidado; passaram gerações protegendo a fortaleza da sua moeda e agora estão pagando o preço.
Paul Krugman é prêmio Nobel de Economia e professor de Economia da Universidade de Princeton.
The New York Times Company, 2015
Fonte: El País
Ctba, 28/jan/15
Maria Prybicz
 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

DESIGUALDES ECONÔMICAS! 
Reforma tributária no país é essencial para mudar cenário, aliviar as desigualdades econômicas excessivamente escandalosa, a ponto de deixar qualquer pessoa pessimista com relação aos cuidados com as pessoas do nosso país, em razão de não serem levadas a sério, em relação aos impostos cobrados principalmente da classe trabalhadora mais sensível com a renda  "per capita" e familiar!  
A desigualdade está em pleno crescimento no mundo, indicou pesquisa da OXfam divulgada na segunda-feira (19). O cenário mundial apontado pelo estudo, vale lembrar, pode ser visto em escala próxima no Brasil. A lista dos bilionários brasileiros publicada pela Forbes no ano passado, com a presença de representantes de empreiteiras como Camargo Correa, Andrade Gutierrez e Odebrecht, tinha 65 nomes. Dois anos antes, a mesma tinha 46 brasileiros e, em 2012, 37 bilionários locais. No Brasil, existem proprietários e grupos participando, com laços cruzados, em muitas empresas, conforme destacou Sergio Lazzarini, em seu livro Capitalismo de Laços, no qual traça a rede de relacionamentos entre as empresas e cita a participação de "famílias com gigantesco patrimônio".
De acordo com o estudo da OXfam, em 2016, as 37 milhões de pessoas que compõem o 1% mais rico da população mundial terão mais dinheiro do que os 99% juntos. Ao todo, a riqueza desse 1% da população subiu de 44% do total de recursos mundiais em 2009 para 48% no último ano. Se o atual ritmo de crescimento for mantido, em 2016 esse patamar pode superar os 50%. No Brasil, os 0,9% mais ricos detêm entre 59,90% e 68,49% da riqueza, sendo as principais fontes os fluxos de renda e heranças recebidas, alerta o economista Róber Iturriet Avila, em artigo publicado no portal Brasil Debate em meados de dezembro. 
Em 1987, apenas três brasileiros figuravam na lista da Forbes, Roberto Marinho, Antônio Ermírio de Moraes e Sebastião Camargo, todos com mais de US$ 1 bilhão. Sebastião Camargo, filho de um humilde lavrador que se tornou um dos homens mais ricos do Brasil, começou a trabalhar ainda jovem em uma empresa de construção e, aos 21 anos, formou o seu próprio negócio. A indústria foi impulsionada pela expansão do pós-Depressão da década de 1930 e, em 1940 e 1950, pelo nacionalismo, até que ele se tornou maior acionista da Camargo Correa, gigante do setor de construção no país, atuando na área civil, de mineração, engenharia e finanças.
O número de empresários brasileiros que entrou nesta elite mundial cresceu tanto que a publicação, desde 2012, elabora uma relação separada só para brasileiros. Hoje, são 65 bilionários -- entre eles, representantes de diversas empreiteiras. Somando todas as fortunas dos relacionados, chega-se à impressionante marca de US$ 191,5 bilhões.
Três são representantes da Camargo Corrêa: Rossana Camargo de Arruda Botelho, Renata de Camargo Nascimento e Regina de Camargo Pires Oliveira Dias, todas com US$ 2,2 bilhões. Rubens Ometto Silveira Mello, da Cosan; Cesar Mata Pires, da OAS; Sergio Lins Andrade e família, da Andrade Gutierrez; e Victor Gradin e família, da Odebrecht, também fazem parte da lista. Fora os que são ligados a empresas que não são exatamente empreiteiras, mas que têm a participação delas.
No Brasil, existem proprietários e grupos participando, com laços cruzados, em muitas empresas, conforme destacou Sergio Lazzarini, professor e diretor de Pós-Graduação Stricto Sensu do Insper, em entrevista ao Insper Conhecimento em outra ocasião. "O fenômeno de concentração de acionistas não é uma exclusividade brasileira, mas o Brasil apresenta um índice de cruzamentos societários maior do que outras economias, tanto em países desenvolvidos como em países emergentes."
Conforme ele explicou na ocasião, a aglomeração de grupos societários no Brasil, "ao final do período de reestruturação econômica da década de 1990, mostrou-se similar à do México, mas muito superior em relação a outros países: 2,8 vezes a aglomeração na Coréia do Sul, 5,1 vezes a da Itália, 7,8 vezes a do Chile e 12,2 vezes a dos EUA".
Lazzarani lançou o livro Capitalismo de Laços em 2011, que apontou que, entre os grupos privados, os que tem mais conexões entre si são a Andrade Gutierrez, a família Jereissati, e a Camargo Correa. Na publicação, ele destaca a declaração do ex-diretor de uma empreiteira integrante de um grande consórcio, justificando a união -- "'Você já ouviu falar no Equilíbrio de Nash? Vem da Teoria dos Jogos. No caso, três concorrentes, a vida inteira concorrendo, cada um com interesse de conquistar o máximo. Só que, quando estão disputando o mesmo mercado, a conquista do máximo é impossível para todos. Então, abdica-se individualmente do máximo e adota-se o caminho dos interesses comuns'".
O "caminho dos interesses comuns", contudo, nem sempre é o melhor para o bem comum da sociedade, alerta o autor. "(...) A compra da Brasil Telecom pela Oi em 2008 consolidou o laço societário entre os grupos nacionais Jereissati e Andrade Gutierrez, já existente na antiga Telemar (precursora da Oi). Bradesco e Mitsui entrelaçam-se no bloco de controle da Vale. No início de 2010, Camargo Corrêa e Votorantim firmaram participações societárias conjuntas na empresa portuguesa de cimentos Cimpor. Criam-se, assim, redes de grupos: agrupamentos de corporações que já são, elas mesmas, conjuntos de empresas e proprietários", diz trecho do livro.
"Em alguns casos, os laços entre grupos resultam simplesmente da diversificação dos investimentos de proprietários brasileiros, especialmente famílias com gigantesco patrimônio", alerta, lembrando da prática de "colocar os ovos em cestas diferentes". "A participação acionária da Camargo Corrêa na controladora do grupo Itaú (Itaúsa) é um exemplo. São laços que, muitas vezes, se originam de posições históricas que os grupos e suas famílias estabeleceram no passado. Um estudioso de grupos econômicos na década de 1960, Maurício Vinhas de Queiroz, já ha via assinalado que “'raros são os grupos totalmente circunscritos, isto é, que não mantenham interconexão financeira ou pessoal com Outro grupo qualquer'”.
No Brasil, as cinco mil famílias mais ricas concentram a maior parte da riqueza produzida. Para a OXfam, é necessário tomar medidas urgentes para diminuir a desigualdade, e o primeiro passo seria lidar com a evasão fiscal praticada pelas grandes companhias. Avila, em seu artigo no Brasil Debate, também aponta que é necessário realizar alterações tributárias para que o país siga seu movimento de distribuição de renda, lembrando que a apropriação de renda dos que estão na faixa dos 10% mais elevados passou de 47,44% em 2001 para 41,55% em 2013. 
Thomas Piketty, que ganhou maior destaque mundial após o lançamento do livro O Capital No Século XXI, que atestava o grande aumento da desigualdade de renda nos países ricos do Ocidente a partir da década de 1970, chegou a alertar que "não discutir impostos sobre riqueza no Brasil é loucura", em entrevista à Carta Capital. "Todos os países têm impostos sobre herança muito superiores ao brasileiro. Você não precisa ser de esquerda para defender essa medida."
"O Brasil poderia ter um sistema de imposto mais progressivo. O sistema é bastante regressivo, com altas taxas sobre o consumo para amplos setores da sociedade, enquanto os impostos diretos são relativamente pequenos. As taxas para as maiores rendas é de pouco mais de 30%, é tímido para os padrões internacionais. Países capitalistas taxam as principais rendas em 50% ou mais. Os impostos sobre herança e transmissão de capital são extremamente reduzidos, apenas 4%. Nos Estados Unidos é 40%, na Alemanha é 40%."
Como disse Marcio Pochmann, professor da Unicamp, ainda em 2007, em artigo no Le Monde Diplomatique Brasil, "Identificar renda e riqueza extremamente concentradas no Brasil não constitui nenhuma novidade. E dizer que isso representa uma herança secular, de difícil superação, tampouco adiciona algum grau de inovação ao já conhecido atualmente".
Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp, em artigo publicado na mesma revista no início deste mês, destaca que existem diferenças entre crescimento com concentração da renda (1960-1981) e crescimento com redução das desigualdades (2004-2010), mas destaca que ainda vivemos graves níveis de concentração de renda e de riqueza.
Fonte: JB
Ctba, 23/jan/14
Maria Prybicz

domingo, 18 de janeiro de 2015

ODISSEIA BRASILEIRA! (Vamos assistir o filme, documentário sobre a Amazônia)
 
 
Homens da tribo awá, na Amazônia. / Sebastião Salgado (Amazonas Images) 
A recordação daquelas fotografias me levou pouco tempo depois a visitar sua exposição Trabalhadores. Desde essa época me transformei em um admirador incondicional da obra de Sebastião. Anos mais tarde visitei a exposição Êxodos e comprei a coleção completa de seus livros de fotografias.
No entanto, só o conheci pessoalmente cinco ou seis anos atrás, quando nos encontramos em seu escritório de Paris (que, aliás, ficava logo virando a esquina de onde eu tinha vivido durante anos, de modo que poderíamos facilmente nos ter encontrado no mercadinho). Ele me mostrou seu estúdio e pude dar uma olhada de relance nas fotos de Gênesis. Um projeto que ainda estava na metade do caminho, mas esse novo trabalho já parecia incrivelmente interessante e, como suas produções anteriores, era de longo prazo. Tinha dedicado perto de dez anos para fazer as fotografias de algumas de suas séries. E havia planejado terminar esta última em oito. Fiquei fascinado com sua dedicação e determinação.
 
Quando Sebastião me contou numerosas histórias sobre suas viagens, me dei conta de que é um grande narrador”
Uma semana depois voltamos a nos encontrar. Descobrimos nossa paixão comum pelo futebol e nos pusemos a falar sobre a fotografia em geral. Desejava conhecer minha opinião sobre um tema no qual estava trabalhando. E me perguntou se eu via alguma maneira de as imagens de Gênesis poderem ser também vistas nas telas de cinema, e não somente em livros e revistas. Fiquei pensando em sua ideia por um tempo. Mas antes que desse uma resposta, Sebastião já me havia contado um monte de histórias sobre suas numerosas viagens, e nesse momento me dei conta de que era um grande narrador. Por isso, finalmente expressei minha concordância e lhe disse que suas fotografias seriam vistas no cinema como se se tratasse de uma apresentação de slides, desde que acompanhadas com algum som ou música, e, claro, sua narrativa. Isso seria algo completamente diferente!
 
Em nosso encontro seguinte ele me perguntou com franqueza se poderia considerar a possibilidade de unir-me a ele e seu filho Juliano em uma aventura que eles dois tinham concebido vagamente, mas que na realidade ainda não sabiam nem quando nem como poderiam iniciar. Juliano tinha percorrido com o pai vários dos lugares fotografados para Gênesis, e os havia filmado. Tinha feito isso principalmente para conhecer outra faceta do homem que sempre havia visto como pai, e não como fotógrafo e viajante que percorre o mundo. De certo modo, Sebastião tinha sido na realidade um pai ausente durante a maior parte de sua infância. Assim que, com o objetivo de se conhecerem mutuamente melhor, os dois decidiram iniciar um projeto. Mas mantinham muitas perguntas sobre o que tinham de fazer para pôr em andamento um filme com base nessa ideia. Não há dúvida de que necessitavam de outro ponto de vista, uma opinião de fora.
 
Quando me consultaram, não duvidei nenhum segundo, e aceitei ali mesmo. Seria uma oportunidade magnífica para mim e, além do mais, uma forma de descobrir Sebastião a fundo! Não me importava sua falta de preparo ou de conceitualização. Comecei a maioria dos meus documentários respondendo a um impulso, a partir de uma primeira impressão. Desde o princípio vi com clareza meu papel nesse projeto comum como o de um parceiro profissional que iria relatar o trabalho de Sebastião, e que iria lhe permitir narrar – diante da câmera e do público – todas essas histórias das quais eu já tinha sido ouvinte. A princípio pensava que iríamos gravar durante um par de semanas. Nunca imaginei que rodaríamos durante um ano e meio em vários cenários, incluindo Paris e Brasil.

Um filhote de macaco, capturado e domesticado pelos awá, sobre a cabeça do jovem Yahara. Os awá formam uma das comunidades mais ameaçadas do planeta devido ao desmatamento descontrolado da Amazônia brasileira. / Sebastião Salgado (Amazonas Images / Album)
 
Nas entrevistas iniciais, eu estava sempre presente enquanto ele disparava. No entanto, quanto mais falávamos, mais sentia que deveria “desaparecer” e ceder todo o protagonismo a Sebastião, mas sobretudo às suas fotografias: o trabalho tem de falar por si mesmo. Assim, depois de várias tomadas, finalmente pus em marcha a ideia que tinha concebido. Coloquei Sebastião em um quarto escuro, sentado somente diante de uma tela. Pus um espelho semitransparente com uma câmera escondida por trás, de onde filmava suas fotografias. Nesse espelho se projetavam suas fotos, de modo que ele falava e fazia comentários enquanto as via e, de vez em quando, eu lhe fazia perguntas. Algo parecido, digamos, com um teleprompter, só que esse dispositivo não tinha a mesma função. Não indicava a Sebastião o que tinha de dizer, somente mostrava suas fotos, permitindo-lhe falar tranquilamente sobre elas enquanto olhava a câmera. Pensei que essa era a melhor forma que o público teria de ouvi-lo falar e ver seu trabalho ao mesmo tempo.
Naquelas “sessões de quarto escuro”, percorremos durante uma semana a obra fotográfica completa de Salgado, mais ou menos em ordem cronológica. Para ele foi uma experiência bastante difícil. Bom, e também para nós, que estávamos detrás da câmera, porque algumas dessas viagens e histórias são tremendamente comoventes e outras são terríveis. Para Sebastião foi como voltar a visitar todos esses lugares, mas para nós foi muito emocionante viajar ao “coração das trevas” sem sairmos do estúdio. De vez em quando nos detínhamos. Eu precisava dar uma volta para, de certo modo, tomar certa distância do que estava vendo e escutando.
Obviamente, quando começamos a editar só podíamos utilizar um número limitado de histórias, por isso decidimos eliminar as “entrevistas habituais” iniciais. Somente deixamos duas delas que nos serviram para ensaiar em nossas “sessões de quarto escuro”. É curioso, mas de algum modo gravei muitos desses filmes duas vezes.
E logo também ficou claro muito rapidamente que não poderíamos fazer um filme somente sobre ele, no qual somente aparecesse Sebastião, a pessoa que estávamos filmando. Ali também estava Leila, sua mulher, com quem vem trabalhando há quase cinquenta anos. Ela era (e é) a força motriz de Sebastião. É a editora de seus livros e a encarregada das exposições, e os dois construíram e pesquisaram juntos a história fotográfica de Sebastião. Assim, ela também teria de estar presente no filme. É uma senhora encantadora, muito segura de si, direta, honesta e amável. Além do mais, muito divertida. Ri muito. A verdade é que toda a família Salgado ri muito!

Salgado tenta devolver a dignidade aos que a perdem em fomes, guerras e atrocidades”

“Além disso, desde o princípio foi preciso levar em consideração que a família Salgado tinha outra vida fora da fotografia: seu compromisso com a ecologia. Por isso, desde o primeiro momento, eu soube que deveria contar duas histórias ao mesmo tempo. É possível dizer que depois das terríveis experiências que ele viveu em Ruanda e dos horrores tremendos que presenciou, que o afetaram profundamente a ponto de pensar em abandonar a fotografia, o programa de reflorestamento empreendido no Brasil e seus resultados quase milagrosos tiveram um “final feliz” para Sebastião. Esse é o motivo pelo qual ele não apenas dedicou seu último grande trabalho, Gênesis, à natureza, como também pelo qual a natureza lhe permitiu não perder a fé na humanidade. Tudo isso eu aprendi e compreendi lentamente, à medida que ia conhecendo a família Salgado. No entanto, não só terminamos filmando em Paris e em seu laboratório, como também no Brasil, em sua cidade de residência, Vitória, e na sede do Instituto Terra, em Aimorés.
No final, nosso principal problema era a quantidade de material que tínhamos. Antes de começar o filme, Juliano tinha acompanhado seu pai a muitas viagens ao redor do mundo. Então já dispúnhamos de horas e horas de imagens documentais. Eu tinha pensado em me juntar a Sebastião em pelo menos duas “missões”. Uma no norte da Sibéria e outra em uma expedição em balão sobrevoando Ruanda. Mas tive que cancelá-las porque adoeci e me recomendaram não viajar. Por sorte, Juliano podia me substituir, e eu me concentrei mais no legado fotográfico de Sebastião.

As pistas que permitem o acesso de madeireiros clandestinos à Amazônia avançam pela vegetação até o território povoado pelos awás no Maranhão. Os pecuaristas ilegais transformam a reserva florestal em pasto para o gado. / Sebastião Salgado (Amazonas Images / Album)
Nós poderíamos facilmente ter feito dois filmes separados. Juliano poderia ter rodado um lindo filme sobre a realização de Gênesis. E eu, um sobre a carreira de Salgado, sua obra e seu trabalho na área da ecologia. Mas em seguida nos demos conta de que juntos podíamos fazer um só filme de maior qualidade. Só que, claro, pensar é uma coisa e colocar a mão na massa é outra. Quando começamos a editar, nós dois trabalhávamos estritamente com nosso próprio material e começamos a montar loucamente muitas das sequências que pensávamos em incorporar no filme. Foi um desastre! Quando vimos o resultado, compreendemos que aquilo nunca chegaria a ser um filme. E pouco a pouco entendemos que tínhamos que superar essa “possessão” que um diretor tem com seu próprio material e deixar de nos controlarmos um ao outro.
Foi então que começamos um trabalho de edição autêntico. Enquanto eu fazia sugestões sobre como se veria uma imagem com outro tipo de luz, permitia que Juliano manipulasse minhas cenas, e vice-versa. Mas devo reconhecer que aquela situação foi muito dolorosa. Surgiram necessidades diferentes e opiniões opostas. Eu nunca antes tinha feito algo assim: deixar que alguém tocasse nas minhas cenas! O mesmo valia para Juliano. Até que decidimos tratar de respeitar nossas próprias opiniões e superar nosso orgulho e o ego tão típico de nossa profissão. A verdade é que levamos algum tempo. Mas valeu a pena porque no final percebemos que, graças a nosso esforço coletivo, tínhamos conseguido criar um “terceiro” ponto de vista, somando seu material e o meu, e aprofundar a vida e a obra de Sebastião sob as perspectivas do filho e do amigo (que é como já nos consideramos). No total, passamos um ano e meio editando. Para a montagem, contamos com a ajuda de Maxine, que tinha trabalhado como assistente de montagem em Pina e que arrumou tudo muito bem para destacar as virtudes dos dois (e os defeitos, claro). Também esteve conosco David Rosier, produtor do filme, que foi decisivo quando pensamos em fazer uma só fita e não duas.
No início, poderíamos dizer que eu tratei de filmar as fotografias em preto e branco, e Juliano se responsabilizou pelas coloridas. De fato, realizei a parte do meu trabalho que consistia em escolher as fotografias em preto e branco para que, assim, quando fosse editar alguma cena, já tivesse todas selecionadas. De certa maneira, queria mostrar Sebastião em seu “próprio mundo em preto e branco”. Juliano filmou a cores todas as viagens que fizeram juntos, algo que parecia normal e óbvio. Mas no fim trocamos os papéis e uma parte do que eu gravei no Instituto Terra acabei passando para cores. Na realidade, só fiz isso porque me parecia muito mais agradável apresentar todas as árvores que eles tinham plantado em várias tonalidades de verdes intensos!

“É um filme lindo, que me permitiu entender muitas coisas sobre meu pai”

Em algum momento de nossas conversas, trocamos opiniões sobre se devíamos explicar no filme a decisão de Sebastião de fazer sua obra em preto e branco. Mas finalmente decidimos que não era necessário. Creio que esse aspecto de sua fotografia se explica, em grande medida, por si mesmo. Também há toda essa questão de que a obra de Salgado é “puramente estética”, tal como alguns críticos mantêm. Em todo caso, eu não poderia discordar mais. Quando se fotografa a miséria e o sofrimento é preciso ressaltar a dignidade de cada indivíduo, inclusive nas situações mais delicadas e desgraçadas. E é preciso muito cuidado para não cair no voyeurismo. Não é fácil. Só se consegue sentindo uma profunda solidariedade com as pessoas que estão diante da câmera, e assim submergindo-se em suas vidas. É preciso fazer um esforço de compreensão muito grande para entender essa realidade. Pouquíssimos fotógrafos têm essa capacidade. A maioria tira rapidamente algumas fotos e vai embora. Sebastião não trabalha assim. Passa muito tempo em todos os lugares onde fotografa. Vive no meio das pessoas. Torna-se amigo delas. Participa de suas vidas tanto quanto possível. E tem compaixão. Faz seu trabalho para essas pessoas. Para dar voz a elas. As imagens feitas em tempo real e as fotografias de estilo documental não transmitem essas mesmas sensações. Quanto mais você trabalha para encontrar o enquadramento perfeito, para contar uma situação da melhor maneira possível; quanto mais luta para encontrar uma linguagem específica que lhe permitirá mostrar o que tem diante de si (ou seja, quanto mais você se esforça para fazer uma “boa foto”), mais nobreza terão os indivíduos que fotografar e mais únicos eles se sentirão. Creio que Sebastião tenta devolver a dignidade a todos esses seres humanos que frequentemente a perdem com a fome, as guerras e as atrocidades. Ele conseguiu enobrecer as pessoas na frente de sua sua câmara. Suas imagens não dizem respeito a ele, mas sim a “eles”! O filme que eu fiz presta uma homenagem à sua obra. Tiro o chapéu para esse homem!


Salgado tenta devolver a dignidade aos que a perdem em fomes, guerras e atrocidades”
“Além disso, desde o princípio foi preciso levar em consideração que a família Salgado tinha outra vida fora da fotografia: seu compromisso com a ecologia. Por isso, desde o primeiro momento, eu soube que deveria contar duas histórias ao mesmo tempo. É possível dizer que depois das terríveis experiências que ele viveu em Ruanda e dos horrores tremendos que presenciou, que o afetaram profundamente a ponto de pensar em abandonar a fotografia, o programa de reflorestamento empreendido no Brasil e seus resultados quase milagrosos tiveram um “final feliz” para Sebastião. Esse é o motivo pelo qual ele não apenas dedicou seu último grande trabalho, Gênesis, à natureza, como também pelo qual a natureza lhe permitiu não perder a fé na humanidade. Tudo isso eu aprendi e compreendi lentamente, à medida que ia conhecendo a família Salgado. No entanto, não só terminamos filmando em Paris e em seu laboratório, como também no Brasil, em sua cidade de residência, Vitória, e na sede do Instituto Terra, em Aimorés.
No final, nosso principal problema era a quantidade de material que tínhamos. Antes de começar o filme, Juliano tinha acompanhado seu pai a muitas viagens ao redor do mundo. Então já dispúnhamos de horas e horas de imagens documentais. Eu tinha pensado em me juntar a Sebastião em pelo menos duas “missões”. Uma no norte da Sibéria e outra em uma expedição em balão sobrevoando Ruanda. Mas tive que cancelá-las porque adoeci e me recomendaram não viajar. Por sorte, Juliano podia me substituir, e eu me concentrei mais no legado fotográfico de Sebastião.

As pistas que permitem o acesso de madeireiros clandestinos à Amazônia avançam pela vegetação até o território povoado pelos awás no Maranhão. Os pecuaristas ilegais transformam a reserva florestal em pasto para o gado. / Sebastião Salgado (Amazonas Images / Album)
Nós poderíamos facilmente ter feito dois filmes separados. Juliano poderia ter rodado um lindo filme sobre a realização de Gênesis. E eu, um sobre a carreira de Salgado, sua obra e seu trabalho na área da ecologia. Mas em seguida nos demos conta de que juntos podíamos fazer um só filme de maior qualidade. Só que, claro, pensar é uma coisa e colocar a mão na massa é outra. Quando começamos a editar, nós dois trabalhávamos estritamente com nosso próprio material e começamos a montar loucamente muitas das sequências que pensávamos em incorporar no filme. Foi um desastre! Quando vimos o resultado, compreendemos que aquilo nunca chegaria a ser um filme. E pouco a pouco entendemos que tínhamos que superar essa “possessão” que um diretor tem com seu próprio material e deixar de nos controlarmos um ao outro.
 
Obviamente, quando começamos a editar só podíamos utilizar um número limitado de histórias, por isso decidimos eliminar as “entrevistas habituais” iniciais. Somente deixamos duas delas que nos serviram para ensaiar em nossas “sessões de quarto escuro”. É curioso, mas de algum modo gravei muitos desses filmes duas vezes.
E logo também ficou claro muito rapidamente que não poderíamos fazer um filme somente sobre ele, no qual somente aparecesse Sebastião, a pessoa que estávamos filmando. Ali também estava Leila, sua mulher, com quem vem trabalhando há quase cinquenta anos. Ela era (e é) a força motriz de Sebastião. É a editora de seus livros e a encarregada das exposições, e os dois construíram e pesquisaram juntos a história fotográfica de Sebastião.

Assim, ela também teria de estar presente no filme. É uma senhora encantadora, muito segura de si, direta, honesta e amável. Além do mais, muito divertida. Ri muito. A verdade é que toda a família Salgado ri muito!
Fonte: El País
Ctba, 18/jan/15
Maria Prybicz


 
 
 
A PROTEÇÃO DA PELE!
 
Agora entendi porque os índios passam urucum, lama e outros produtos naturais na pele, para devida proteção.
 
O índio é o ser mais sábio do planeta, haja vista, a proteção de sua floresta para o equilíbrio ambiental do planeta!
 
E os animais como o elefante, rinoceronte e até o porco com seu DNA, gostam de se banhar na lama, é também para proteção de sua pele!
 
E eu, uma oriunda da chamada "civilização branca" saí sapecada do sol (mesmo com proteção solar fator 30), acabei quase no hospital com queimaduras em partes sensíveis do corpo! Ufa! Praia hum, vai demorar!
 
Ctba, 16/jan/15
Maria Prybicz

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CHAVE PARA DIMINUIÇÃO DAS DESIGUALDADES ECONÔMICAS! "EDUCAÇÃO"

A queda da desigualdade de renda, a diminuição da taxa de pobreza e a expansão dos programas sociais são também fundamentais para justificar o aumento do IDH nas regiões metropolitanas do país, de acordo com o pesquisador Fernando Prates da Fundação João Pinheiro que participou da pesquisa do Atlas. "Na última década, o Brasil passou por grandes mudanças: aumento das exportações, taxa de desemprego baixa, a renda aumentou e a desigualdade e a taxa de pobreza caíram", afirma Prates.
 
Na avaliação do presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (Fineduca), José Marcelino de Rezende Pinto, o país está longe de qualquer parâmetro aceitável. "Não temos insumos básicos nas escolas. Se não houver um recurso adicional do Governo Federal, não conseguiremos avançar no índice. A boa notícia é que no Plano Nacional fala-se em gastar 10% do PIB no setor que, hoje, recebe cerca de 5,5%. Só não sabemos como chegaremos a essa meta", explica. Para Pinto, os dois grandes gargalos da educação brasileira são as creches para crianças de 0 a 3 anos e a educação superior. "A cobertura do ensino superior chega só a 23%, quase a metade da taxa da Argentina, por exemplo", destaca.
Fonte: El País
Ctba, 08/jan/15
Maria Prybicz

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


MUNDO GLOBALIZADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS (DESPERDIÇADOS E MUITO, MUITO LIXO)!
 
Isso não explica o óbvio: 80% do consumo privado no mundo é realizado por 20% da população. Quer dizer, 5,6 bilhões de pessoas rateiam o que resta da miséria, mesmo que isso signifique ter um smartphone, televisão fininha e um valão na porta de casa, onde corre o esgoto a céu aberto, com todas as embalagens e utensílios domésticos imaginados. Nos países da OCDE a média de carros por cada mil habitantes é de 750, na China é 150 e na Índia 35. A mesma organização diz que a cada 1% de crescimento nos países emergentes, o lixo acumulado cresce 0,69%. Como os emergentes continuarão crescendo, deduz-se que a montanha idem.

Em meio a isso tudo, a época natalina comercial cristã, com o mercado de luxo bombando no Brasil – em São Paulo ricos de todo o país gastaram R$10 bilhões em 2012 -, comecei a elaborar a seguinte questão: existe um problema maior do que as emissões de gás carbônico, metano e óxido nitroso – os gases estufa – na atmosfera. Trata-se do gás sulfídrico H2S, sulfeto de hidrogênio, conhecido popularmente pelo cheiro de ovo podre, ou pelo cheiro de qualquer rio podre – caso do Tietê, em SP -, ou córrego carregado de esgoto, locais onde o gás se expande. Este cheiro da podridão, de coisa decomposta, degradada, em meio à globalização e a concentração de renda no planeta, é que está definindo os rumos da civilização do lixo. A tecnologia venceu a natureza, pensaram os mecanicistas desde a Revolução Industrial, agora reforçados pelos agentes do sistema financeiro. O que não estava nos planos do capitalismo esclerosado é que a expansão acabaria devorando o mercado com clientes, industriais, comerciantes e demais componentes econômicos afogados em uma gigantesca montanha de lixo. O enigma grego foi decifrado e só falta puxar a descarga.
Fonte: Carta Maior - Por Najar Tubino
Ctba, 07/jan/15
Maria Prybicz
 
 
 
        
 
 


 

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