OTIMISMO PARA O BRASIL!
Apelidado de Sr. Apocalipse por ter sido um dos únicos economistas a prever a crise financeira e a bolha hipotecária de 2008 nos Estados Unidos, Nouriel Roubini, 57, diz que está "mais otimista que o empresariado brasileiro" sobre as perspectivas para o Brasil.
"Se a presidente não for irracional ou suicida politicamente, e não acho que ela seja, o ajuste será feito".
Se não o fizer, avalia Roubini, "o real sofrerá queda livre, o Brasil vai perder o grau de investimento".
"A desaceleração da China e a queda dos preços das matérias-primas afetaram o Brasil, mas a atual fraqueza se deve a quatro anos de políticas financeiras, monetárias e fiscais erradas", afirma.
Ele diz que a opção brasileira pelo "capitalismo de Estado" facilitou o esquema de propinas na Petrobras e que os investimentos em infraestrutura e as concessões de portos e aeroportos "vão na direção correta, mas de forma muito lenta".
Se ela fizer o ajuste agora e mudar suas políticas, terá um ano muito difícil, sem crescer ou com pequena recessão. No ano que vem será um pouco melhor, pode crescer até 1,5% e ter outros dois anos de crescimento.
Certamente há fatores internacionais que afetam a economia brasileira, como a desaceleração global e especialmente a da China, e a queda nos preços de commodities, como o minério de ferro.
Mas a fraqueza econômica do país neste ano se deve a quatro anos de políticas macroeconômicas erradas. Monetárias, fiscais, de crédito erradas, muito frouxas.
Depois de a presidente se reeleger, ela percebeu que precisava de um ajuste difícil. Cortar despesas, aumentar receita, apertar o cinto, controlar a inflação. 2015 será um ano muito difícil. Provavelmente de recessão, com desemprego e inflação em alta.
O mercado não acredita no comprometimento, quer ação, não palavras. Mas, pessoalmente, estou mais otimista que o empresariado brasileiro.
O Brasil é uma economia grande. O consumo doméstico pode crescer e a desvalorização do real pode reduzir o deficit externo.
Mas o país precisa aumentar investimentos públicos em infraestrutura, incentivar as parcerias público-privadas. O potencial de crescimento do Brasil não é grande, mas 3% seria alcançável.
O capitalismo de Estado no Brasil pode se ver pelo que aconteceu com a Petrobras, que embarcou em projetos caros que não eram viáveis. Políticas de conteúdo nacional excessivo e que dificultaram a participação de investidores de fora deram errado.
Sem esquecer do papel excessivo do BNDES no crédito, dos bancos estatais, das empresas estatais.
Fonte: Folha de São Paulo
Ctba, 17/mar/15
Maria Prybicz
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