quarta-feira, 11 de novembro de 2015


AS UNIVERSIDADES SÃO CONSERVADORAS DEMAIS!
Segundo Suk, as entidades estudantis se opunham às aulas sobre a lei e a violência sexual porque temiam que a experiência poderia se tornar “traumática”. E aqui, aparentemente, está o xis da questão. O líder estudantil que falou na BBC explicou que o objetivo da censura era sempre dar prioridade “à segurança” dos universitários. Um artigo recente escrito pelos acadêmicos na revista The Atlantic, dos Estados Unidos, aprofundou o tema. Explicou que para os que seguem essa nova corrente a meta final era proteger “o bem-estar emocional” dos estudantes, transformando os campus em “lugares seguros” onde “jovens adultos estão protegidos contra palavras e ideias que os façam sentir-se incômodos”. “Está sendo criada uma cultura”, acrescentava o artigo”, “na qual todo mundo tem de pensar duas vezes antes de abrir a boca”.
Alguém que optou por não abrir a boca nunca mais em eventos estudantis é o famoso comediante norte-americano Chirs Rock, que construiu uma brilhante carreira à base de ridicularizar tabus raciais, sexuais e políticos. Rock, que é negro, disse em uma entrevista recente que já não vai às universidades porque são “conservadoras demais”. Sua principal preocupação, afirmou, é “nunca ofender ninguém”.
A que se deve tanta suscetibilidade entre os estudantes do mundo anglo-saxão? Em parte isso terá a ver com a pressão conformista exercida pela polícia religiosa das redes sociais, o medo à crucificação verbal de que padecerá qualquer um que divirja da ortodoxia da manada. Mas, como também sugere o artigo da revista The Atlantic, a juventude de hoje, especialmente a que teve a sorte de ir à universidade, pertence a uma geração mimada. É verdade que hoje os jovens têm dificuldade para conseguir trabalho, mas, pelo menos nos países ricos do Ocidente, seus pais tiveram a melhor e mais pacífica qualidade de vida que a espécie humana conheceu. Esses afortunados pais se esforçaram de uma maneira nunca vista para não ferir os sentimentos de seus filhos, para protegê-los do feio, do duro e do difícil da vida.
A consequência tem sido o aparecimento de uma geração de adolescentes e jovens na casa dos 20 anos psicologicamente delicados, que detectam ofensas onde seus pais –e mais ainda os pais dos pais, que viveram guerras– não as teriam imaginado. Antes, quando o colunista do Times era jovem, os estudantes censuravam os que chamavam de fascistas. Para bem ou para o mal, faziam isso a partir de um processo de raciocínio político. Os militantes universitários anglo-saxões de hoje censuram com base no que sentem. Praticantes de uma espécie de fascismo light, eles são os que mandarão dentro de não muito tempo. Se a coisa não mudar, teme-se pela democracia.
Fonte: El País
Ctba, 11/nov/15
Maria Prybicz

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