sábado, 1 de junho de 2013

Expectativa de juro maior faz mercado recomendar investimento pós-fixado

Segundo analistas, a Selic deve fechar o ano em 8,25%, o que dá espaço para o investidor aproveitar a alta com títulos e fundos que acompanham a taxa básica de juros

SÃO PAULO - A alta do juro básico para 8% ao ano confirmou a expectativa de parte do mercado financeiro, que nos últimos dias trocou as apostas de aumento de 0,25 ponto porcentual da Selic para 0,50 ponto. Segundo o último relatório Focus, a taxa deve fechar o ano no patamar de 8,25%. Nesse cenário, os investimentos de renda fixa pós-fixados, que acompanham a Selic, são apontados por especialistas em finanças pessoais como uma boa opção no curto prazo.
Na alta do juro, os prefixados perdem valor na hora de se vender o papel no mercado. Se a intenção do investidor não é ficar com a aplicação até o vencimento, e sim vendê-la antecipadamente quando o preço ficar mais atrativo, investir em prefixados pode ser arriscado neste momento.
"Para o investidor conservador, que não se sente confortável com volatilidade, a renda fixa pós-fixada é uma boa opção. No curto prazo, o mercado de renda fixa está muito volátil, pois o grau dessa alta do juro ainda não está muito claro", diz o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Mario Amigo. "Não existe um consenso sobre a inflação estar contida", avalia o superintendente-executivo da Santander Asset Managment, Eduardo Castro.
Para o analista e diretor da Brasil Instituto de Formação Profissional (Infopro), Richard Rytenband, o segredo para ter ganhos com as aplicações de renda fixa é saber operar a curva de juros (relação entre a rentabilidade dos títulos conforme o vencimento do papel). "É comum as pessoas pensarem que operar renda fixa é algo fácil. Na verdade, é algo complexo, que pode até dar prejuízo conforme o cenário. A primeira lição da curva de juros é que sempre se deve ficar fora do título prefixado quando a tendência é de alta", explica Rytenband.
Pelo histórico de preços dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto é possível verificar a volatilidade que os analistas apontam. Entre os papéis prefixados, a Letra do Tesouro Nacional (LTN) com vencimento em 2016, por exemplo, acumula alta de 0,90% no ano, mas queda de 0,28% em um mês, segundo os valores de venda. Rytenband afirma que chegará o momento em que o mercado irá sinalizar que espera queda de juro. O investidor deverá então ficar atento para passar a compor a carteira com os prefixados.
Opções disponíveis
As alternativas pós-fixadas mais acessíveis e populares no varejo são o Certificado de Depósito Bancário (CDB), que rende um porcentual do CDI (taxa que acompanha de perto a Selic), e a caderneta de poupança, que pelas regras atuais rende 70% da Selic mais Taxa Referencial. Para o primeiro, vale a comparação das taxas entre os bancos e o poder de negociação. O CDB não possui taxa de administração como os fundos, mas só se torna interessante se for negociado a uma taxa acima de 95% do CDI, segundo calcula Mario Amigo, professor da Fipecafi.
"Esses aumentos do juro só minimizam o problema da renda fixa como um todo. Quando se desconta o IR e taxas, o rendimento fica próximo a zero", diz o administrador de carteiras, Fabio Colombo. Ele comenta que alguns fundos têm aumentado a parcela da carteira de títulos privados, para tentar melhorar a rentabilidade. "Em média, têm rendimento bruto de 110% do CDI. Para o CDB começar a ficar competitivo deveria render a partir de 105% do CDI", calcula.
A caderneta é uma boa escolha se comparada a boa parte dos fundos DI e de renda fixa que cobram altas taxas de administração. Apesar de na prática um gestor poder cobrar mais caro na administração e ter um retorno maior, em geral, altas tarifas estão associadas a uma baixa rentabilidade. Segundo cálculos da Anefac, para uma Selic de 8% ao ano, os fundos tem de cobrar menos de 1% para serem mais interessantes que a poupança, se a aplicação for feita para até seis meses.
"De forma geral, o investidor ao escolher um fundo, deve optar por aqueles que têm uma gestão mais ativa, onde o gestor faz adaptações na carteira de acordo com o cenário", recomenda Castro, do Santander. Para ter certeza se o gestor conseguiu ter boas rentabilidades tanto quando o juro caia como quando subia, somente avaliando seu histórico. Pela ferramenta "Escolha Seu Fundo", da Anbima, é possível comparar as taxas de administração e verificar o histórico de rentabilidade.
A quarta opção seria o Tesouro Direto, com as Letras Financeiras do Tesouro (LFT). Pelos valores de 28 de maio, uma LFT com vencimento em março de 2017 custava R$ 5.613,80. Como é possível comprar frações de 10% do título, a aplicação mínima era de R$ 561,38. Para comprar qualquer papel do Tesouro é preciso estar cadastrado em uma corretora, independente ou do próprio banco. Neste caso, também vale comparar as taxas cobradas. Atualmente, pelo ranking publicado no site do Tesouro Direto, cinco casas não cobram taxa de administração do investidor.
 Fonte: Estadão/Yolanda Fordelone, do Economia & Negócios
Ctba, 01/06/2013
Maria Prybicz

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